Não é que eu duvidava que o Leo pudesse sair. De verdade eu acho que todos podem levantar e ir embora, o jogo pode mesmo ser um pé no saco. Eu entendi que o Leo estava psicologicamente abalado, bla bla bla. Mas nada disso nega o fato de que quando ele chegou na sala gritanto para todos que queria sair, era só conversinha. Porque eu penso nos dois tipos de suicida: o tipo número 1 é aquele que tem depressão. Passa os dias pelos cantos, diz que o mundo é um lugar triste, que nada da certo neste mundo e que ninguém jamais o entenderá como Renato Russo. Esse cara vai ligar para um amigo às 4 da manhã falando que tem um frasco de remédios e irá tomá-los todos naquela noite porque não aguenta mais este mundo. Veja: este filho da puta não quer mesmo se matar, ele quer é atenção, quer um abracinho gostosinho. Ele quer que o fulano vá lá e nego finja que ele não é o merda que ele acredita que é e que, por isto, a vida vale a pena. O suicida tipo número 2 é aquele que é saudável, tem um bom emprego, tem dinheiro, pratica exercícios físicos, come frutas e verduras e sua namorada sabe faz a chupada atômica. Um dia, sem aviso prévio, esse cara é encontrado na casa dele com um tiro na cabeça, uma arma ao lado e nenhum sinal de arrombamento ou pertence roubado. Nada impede o tipo número 1 se tornar o tipo número 2* e eu acho que é isto que aconteceu com o Léo: o cara estava instabilizado emocionalmente e, como eu já havia dito, perdeu o rumo do que estava fazendo. Fazia qualquer coisa porque simplesmente surtou achando que era bandido por ter "chamado a Naná de velha" (quer dizer: ele provavelmente achou que é isto que ficou para o Brasil, e nós aqui fora sabemos que não foi o caso) e começou a atirar para qualquer lado. E aí veio esse papo do "ah, eu vou sair, tá?", que acabou desistindo depois de receber tantos abracinhos gostosinhos (o que provavelmente fez ele pensar "bem, se as pessoas aqui me apoiam assim, talvez eu não seja este bandido todo"). O que aconteceu no quarto branco foi puramente surto de loucura: o ponto vai para a Globo que conseguiu fazer a metáfora que ela queria chegar o mais perto de não ser uma metáfora. O quarto branco virou um mito, de coisa terrível e insuportável. Ele vai aparecer de novo, se não neste, no próximo BBB**. Um Léo enfraquecido ficou de saco cheio das incertezas: cabeça vazia é a casa do diabo. E Tom firma a sua posição como bandido da edição: pegou um Léo enfraquecido e jogou no castigo para pisar em cima. Você tem duas opções: acreditar que ele fez isto de propósito, sabendo que um castigo, qualquer que fosse, poderia ajudar alguém enfraquecido a surtar e, se não saísse com as próprias pernas, pelo menos perdesse o rumo de vez e queimasse o próprio filme (e, com isto, um jogador a menos); ou então acreditar que ele está sendo sincero ao afirmar que não lembrava da palavra castigo ou que achava que o castigo seria usar uma roupa branca, como no reveillon quando o mundo inteiro paga um castigo TERRÍVEL. Acredite no que acreditar, o Tom se firmou como bandido. Dentro da casa ele já era desafeto e já tem gente que não ta topando muito nessa defesa de "eu não sabia". Se não porque fez na intenção de empurrar o Léo do cavalo, pelo menos porque teve a responsabilidade por isto: se você não entrega um relatório pro seu chefe da data porque estava ocupado fazendo outra coisa importante, você até tem uma boa desculpa, mas leva a comida de rabo porque tinha a responsabilidade de entregar aquilo e devia dar um jeito: é esse tipo de coisa.


* - Fundamentalmente, o que impede uma pessoa de migrar do tipo 2 para o tipo 1 é que não da para se tornar uma pessoa depressiva quando se já está morto.

** - E eu tenho que formatar um post especial sobre isto. Porque, sério, eu não consigo nem ter certeza do que é que eu acho disto.